Obrigado a todos que participaram, ajudaram e compartilharam conhecimento. Fica agora a lembrança desta data e na fantasia de cada um sua identificaçao!
Palestra ministrada por:
Polyanna Polo e Rose Ferracini (Psicologas e Psicanalistas).
Em breve material da palestra disponivel no blog e por e-mail para os participantes!
Trocar conhecimentos Psicanaliticos, Palestras, Artigos, Opinioes. Seja Bem vindo! Psicanalisando...
sexta-feira, 15 de abril de 2011
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Mal estar na Civilização, será?!
CONTARDO CALLIGARIS (Psicanalista)
Somos culpados, mas de quê?
Somos culpados, mas de quê?
Pesquisa mostra que a culpa mais dolorosa é o lamento por não termos agido como queríamos
A MELHOR polícia do mundo não conseguiria manter a ordem se respeitássemos as leis só por medo da punição. A sociedade funciona (mais ou menos) porque infrações e crimes despertam não só a PM e a PF mas também nossa consciência: a perspectiva do arrependimento nos inibe.
O problema, como Freud constatou, é que a gente se culpa mais do que é necessário: enxergamos crimes onde não há, consideramos que nossas vagas intenções e nossos sonhos noturnos já são delitos e nos castigamos para aliviar os tormentos de nossa culpa. Seja como for, até os anos 60, o sentimento de culpa -necessário ou patológico e excessivo- parecia ser só isto: o arrependimento por ter desrespeitado uma norma ou uma autoridade.
Em seu seminário (um pouco críptico) de 1959-60 ("A Ética da Psicanálise", Zahar), o psicanalista francês Jacques Lacan propôs algo diferente: a culpa mais relevante e mais sofrida surgiria não por termos desobedecido a uma norma, mas por termos neglicenciado nosso próprio desejo, por termos desistido de agir como queríamos. Podemos nos arrepender de nossas transgressões, mas lamentamos, mais amargamente, as ocasiões perdidas.
Era uma pequena revolução no mundo da clínica. De fato, o sentimento de culpa é onipresente (ou quase), e as transgressões, em geral, são poucas. É lógico, portanto, que a culpa que nos atormenta seja sobretudo um efeito de nossa covardia (que é crônica), e não de nosso atrevimento (que é raro).
Pois bem, no ano passado, Ran Kivetz e Anat Keinan publicaram uma pesquisa que confirma experimentalmente a intuição de Lacan (que, claro, eles não leram): "Repenting Hyperopia: an Analysis of Self-Control Regrets" (Hipermetropia Pesarosa: uma Análise dos Arrependimentos do Autocontrole, "Journal of Consumer Research", vol. 33, setembro 2006).
Em três protocolos de pesquisa, Kivetz e Keinan confirmaram o seguinte: 1) todos condenamos as decisões que só enxergam o prazer imediato sem levar em conta as conseqüências futuras (desde comer a segunda fatia de bolo ou gastar dinheiro que não temos até cometer um pecado pelo qual responderemos na porta do purgatório); 2) mas essa condenação é fugitiva, efêmera: a longo prazo (depois de um ano, por exemplo), considerando a decisão que nos pareceu sábia (não comer a segunda fatia de bolo, não gastar, não pecar), o que prevalece é o arrependimento por ter perdido uma ocasião, por não ter agido segundo nosso impulso ou desejo.
Na metáfora ótica usada por Kivetz e Keinan, sabemos que nossos impulsos são míopes (só enxergam a satisfação do momento) e achamos certo agir como hipermetropes (o que, em geral, significa deixar de agir, focalizando e receando as conseqüências afastadas de nossos atos); a curto prazo, nós nos felicitamos por ter pensado no futuro, enquanto, a longo prazo, lamentamos ter sido hipermetropes e desperdiçado satisfações que estavam ao nosso alcance imediato.
Kivetz e Keinan sugerem uma explicação: a longo prazo, os atos passados são integrados numa espécie de balanço de nossa vida, em que devemos decidir se a corrida foi boa, se valeu a pena. Nesse balanço, o lamento pelas coisas que queríamos e não ousamos fazer pesaria mais que o mérito das "sábias" decisões que comandaram nossas desistências.
De qualquer forma, o fato é que o arrependimento por não ter escutado o desejo parece falar mais alto e por mais tempo do que o arrependimento por ter ousado transgredir. Seria aventuroso concluir que, para não se arrepender no futuro, a gente deveria atuar qualquer desejo.
Mas resta uma suspeita, ou melhor, uma lição: freqüentemente, as razões que mantêm nosso comportamento nos padrões esperados (obediência à ordem social, a nossos pais, à tradição etc.) são apenas racionalizações de uma covardia da qual nos arrependeremos um dia.
Para entender plenamente o alcance da pesquisa, esqueça a segunda fatia de bolo, os gastos e os pecadilhos (exemplos triviais usados na experiência) e pense em decisões cruciais de sua vida: uma mudança de carreira à qual você renunciou porque teria desapontado ou preocupado seus próximos, uma paixão amorosa que você calou porque teria encontrado a desaprovação dos mesmos. Pois bem, a longo prazo, essas desistências doem mais do que doeria a culpa por ter transgredido normas e expectativas, seguindo nosso desejo.
A MELHOR polícia do mundo não conseguiria manter a ordem se respeitássemos as leis só por medo da punição. A sociedade funciona (mais ou menos) porque infrações e crimes despertam não só a PM e a PF mas também nossa consciência: a perspectiva do arrependimento nos inibe.
O problema, como Freud constatou, é que a gente se culpa mais do que é necessário: enxergamos crimes onde não há, consideramos que nossas vagas intenções e nossos sonhos noturnos já são delitos e nos castigamos para aliviar os tormentos de nossa culpa. Seja como for, até os anos 60, o sentimento de culpa -necessário ou patológico e excessivo- parecia ser só isto: o arrependimento por ter desrespeitado uma norma ou uma autoridade.
Em seu seminário (um pouco críptico) de 1959-60 ("A Ética da Psicanálise", Zahar), o psicanalista francês Jacques Lacan propôs algo diferente: a culpa mais relevante e mais sofrida surgiria não por termos desobedecido a uma norma, mas por termos neglicenciado nosso próprio desejo, por termos desistido de agir como queríamos. Podemos nos arrepender de nossas transgressões, mas lamentamos, mais amargamente, as ocasiões perdidas.
Era uma pequena revolução no mundo da clínica. De fato, o sentimento de culpa é onipresente (ou quase), e as transgressões, em geral, são poucas. É lógico, portanto, que a culpa que nos atormenta seja sobretudo um efeito de nossa covardia (que é crônica), e não de nosso atrevimento (que é raro).
Pois bem, no ano passado, Ran Kivetz e Anat Keinan publicaram uma pesquisa que confirma experimentalmente a intuição de Lacan (que, claro, eles não leram): "Repenting Hyperopia: an Analysis of Self-Control Regrets" (Hipermetropia Pesarosa: uma Análise dos Arrependimentos do Autocontrole, "Journal of Consumer Research", vol. 33, setembro 2006).
Em três protocolos de pesquisa, Kivetz e Keinan confirmaram o seguinte: 1) todos condenamos as decisões que só enxergam o prazer imediato sem levar em conta as conseqüências futuras (desde comer a segunda fatia de bolo ou gastar dinheiro que não temos até cometer um pecado pelo qual responderemos na porta do purgatório); 2) mas essa condenação é fugitiva, efêmera: a longo prazo (depois de um ano, por exemplo), considerando a decisão que nos pareceu sábia (não comer a segunda fatia de bolo, não gastar, não pecar), o que prevalece é o arrependimento por ter perdido uma ocasião, por não ter agido segundo nosso impulso ou desejo.
Na metáfora ótica usada por Kivetz e Keinan, sabemos que nossos impulsos são míopes (só enxergam a satisfação do momento) e achamos certo agir como hipermetropes (o que, em geral, significa deixar de agir, focalizando e receando as conseqüências afastadas de nossos atos); a curto prazo, nós nos felicitamos por ter pensado no futuro, enquanto, a longo prazo, lamentamos ter sido hipermetropes e desperdiçado satisfações que estavam ao nosso alcance imediato.
Kivetz e Keinan sugerem uma explicação: a longo prazo, os atos passados são integrados numa espécie de balanço de nossa vida, em que devemos decidir se a corrida foi boa, se valeu a pena. Nesse balanço, o lamento pelas coisas que queríamos e não ousamos fazer pesaria mais que o mérito das "sábias" decisões que comandaram nossas desistências.
De qualquer forma, o fato é que o arrependimento por não ter escutado o desejo parece falar mais alto e por mais tempo do que o arrependimento por ter ousado transgredir. Seria aventuroso concluir que, para não se arrepender no futuro, a gente deveria atuar qualquer desejo.
Mas resta uma suspeita, ou melhor, uma lição: freqüentemente, as razões que mantêm nosso comportamento nos padrões esperados (obediência à ordem social, a nossos pais, à tradição etc.) são apenas racionalizações de uma covardia da qual nos arrependeremos um dia.
Para entender plenamente o alcance da pesquisa, esqueça a segunda fatia de bolo, os gastos e os pecadilhos (exemplos triviais usados na experiência) e pense em decisões cruciais de sua vida: uma mudança de carreira à qual você renunciou porque teria desapontado ou preocupado seus próximos, uma paixão amorosa que você calou porque teria encontrado a desaprovação dos mesmos. Pois bem, a longo prazo, essas desistências doem mais do que doeria a culpa por ter transgredido normas e expectativas, seguindo nosso desejo.
ccalligari@uol.com.br (C. Calligari escreve na Folha de São Paulo)
segunda-feira, 4 de abril de 2011
TOC
No TOC ocorrem pensamentos obsessivos intrusivos, como por exemplo: a pessoa reza e vem pensamentos sexuais. No TOC pode haver uma co-morbidade.
Pode aparecer como medo de contaminaçao, mania de limpeza, obsessao da duvida, como processos de pensamento repetitivos de verificaçao (compulsao). Ex: "Fechei ou nao fechei a boca do fogao." (obsessivo) "Tenho que ir verificar."
(Compulsao= comportamento) e em alguns casos a necessidade de simetria e precisao = lentidao para sair perfeito (lentificacao).
Dica para assistir na TV: "Coleciondores - Intervençao" no canal a cabo A&E Mundo, toda terça-feira as 22:00h.
Dica de Filme: "Melhor Impossivel com Jack Nickolson"
Pode aparecer como medo de contaminaçao, mania de limpeza, obsessao da duvida, como processos de pensamento repetitivos de verificaçao (compulsao). Ex: "Fechei ou nao fechei a boca do fogao." (obsessivo) "Tenho que ir verificar."
(Compulsao= comportamento) e em alguns casos a necessidade de simetria e precisao = lentidao para sair perfeito (lentificacao).
Dica para assistir na TV: "Coleciondores - Intervençao" no canal a cabo A&E Mundo, toda terça-feira as 22:00h.
Dica de Filme: "Melhor Impossivel com Jack Nickolson"
Poesia de Carlos Drumond de Andrade relacionada ao Transtorno Obsessivo Compulsivo.
Minha mao esta tao suja
Preciso corta-la
Nao adianta lavar
A agua esta podre
Nem ensaboou
O sabao é ruim
A mao esta suja
Suja a muitos anos.
Carlos Drumont de Andrade
domingo, 3 de abril de 2011
Objeto Transicional
Objeto Transicional nas criancas e bebes segundo Winnicott.
Winnicott elabora uma teoria sobre o processo de maturação do ser humano baseado na observação e estudo do desenvolvimento dos bebês. A constituição da identidade do sujeito tem início nas primeiras semanas de vida, quando o bebê experimenta uma ilusão de onipotência por ter ao seu alcance tudo o que precisa: o seio, o calor da mãe e todos os cuidados.
Aos poucos, o bebê vai percebendo que há uma diferença entre a sua ilusão e a realidade. A primeira desilusão acontece quando ele percebe que o seio da mãe não faz parte dele e nem depende de sua vontade para existir. Manifesta-se, então, uma tentativa de manter-se iludido através da criação de um objeto simbólico da figura materna, chamado objeto transicional. A relação entre o bebê e o “objeto transicional” é denominada “fenômeno transicional” e acontece num espaço que tem o mesmo nome. A primeira criação de um sujeito é seu primeiro “objeto transicional”.
Na vida adulta, a “transicionalidade” é vivida em vários âmbitos: cultura, arte, ciência, religião, dentre outros. Os conceitos de “transicionalidade” e “criatividade” estão intrinsecamente relacionados. Desta maneira, o desenvolvimento dos bebês tem muito a revelar sobre a criatividade adulta na medida em que nossas experiências culturais, em geral, são produtos do desenvolvimento da “transicionalidade”.
Nenhum talento especial é requerido como condição para ser criativo. Antes disso, a manifestação da criatividade fortalece o sentimento de existência. Isto em função da máxima: “Ser, antes de fazer”, ou seja, para relacionar-se com objetos, o ser humano precisa construir sua identidade e reconhecer a permanência de sua existência. Assim, “ser” e “fazer” relacionam-se de modo que a criatividade é necessária, não só para resgatar os indivíduos dos estados de desilusão, mas para afirmar a própria existência do sujeito.
Umbigo do sonho
"Ainda nos sonhos melhor interpretados é preciso deixar amiúde um lugar em sombras, porque
na interpretação se observa que daí arranca uma madeixa de pensamentos oníricos que não se
deixam desembaraçar, mas que tampouco fizeram outras contribuições para o conteúdo do
sonho. Então esse é o Umbigo do Sonho, o lugar no qual ele se assenta no não conhecido.
... durante o sonho o Inconsciente não pode oferecer nada mais
que a força pulsionante para um cumprimento de desejo."
Sigmund Freud.
sexta-feira, 1 de abril de 2011
“Folie à Deux.”
“Folie à Deux.”
A “loucura” dos outros também pode ser a nossa “loucura” se não discernirmos que eles estão “loucos”.
Pareceria de óbvia facilidade a contestação da afirmação acima descrita, se ela não se referisse a uma Psicose Induzida. Este tipo de perturbação psicótica, ou de alienação patológica da realidade, surge no encalço secundário de doença, ou seja, é derivada de um elemento patológico primário com ideação delirante que consegue fazer crer a esse segundo (ou mais) elemento(s) que os seus delírios são realidade e não produto psicótico fictício.
Por outras palavras, uma pessoa pode ficar “louca” por acreditar que a “loucura” (delírio) de alguém não o é quando de facto não passa disso.
Esta perturbação reúne as condições necessárias para aparecer quando uma pessoa tem um relacionamento próximo, de longa duração e com níveis elevados de resistência à mudança, com uma outra pessoa que tem uma perturbação psicótica com predomínio de ideação delirante.
Dentro das relações tipo, enquadram-se mais facilmente os casais (ex. marido/ mulher) e as relações familiares (ex. pai/ filho), não querendo dizer que outros tantos tipos de relacionamentos não possam ter as características fundamentais para o desenvolvimento desta doença.
Os conteúdos das ideias delirantes dependem das características de cada doente (primário) e podem ser dos mais diversos, tais como, estar sob vigilância do “SIS”, “ET´s” terem entrado na sua mente controlando-a, existir uma guerra invisível que produz dores de cabeça e diarreia às pessoas, entre tantas outras ideias, tendencialmente bizarras.O que pode acontecer, por exemplo, é o conteúdo da ideação delirante ser tão credível e bem elaborado que uma pessoa próxima e susceptível à sua influência forte e directa chegar a acreditar durante anos a fio que essas ideias são realidade, corroborando, vivenciando e partilhando assim a “loucura” primária do indutor.
Pareceria de óbvia facilidade a contestação da afirmação acima descrita, se ela não se referisse a uma Psicose Induzida. Este tipo de perturbação psicótica, ou de alienação patológica da realidade, surge no encalço secundário de doença, ou seja, é derivada de um elemento patológico primário com ideação delirante que consegue fazer crer a esse segundo (ou mais) elemento(s) que os seus delírios são realidade e não produto psicótico fictício.
Por outras palavras, uma pessoa pode ficar “louca” por acreditar que a “loucura” (delírio) de alguém não o é quando de facto não passa disso.
Esta perturbação reúne as condições necessárias para aparecer quando uma pessoa tem um relacionamento próximo, de longa duração e com níveis elevados de resistência à mudança, com uma outra pessoa que tem uma perturbação psicótica com predomínio de ideação delirante.
Dentro das relações tipo, enquadram-se mais facilmente os casais (ex. marido/ mulher) e as relações familiares (ex. pai/ filho), não querendo dizer que outros tantos tipos de relacionamentos não possam ter as características fundamentais para o desenvolvimento desta doença.
Os conteúdos das ideias delirantes dependem das características de cada doente (primário) e podem ser dos mais diversos, tais como, estar sob vigilância do “SIS”, “ET´s” terem entrado na sua mente controlando-a, existir uma guerra invisível que produz dores de cabeça e diarreia às pessoas, entre tantas outras ideias, tendencialmente bizarras.O que pode acontecer, por exemplo, é o conteúdo da ideação delirante ser tão credível e bem elaborado que uma pessoa próxima e susceptível à sua influência forte e directa chegar a acreditar durante anos a fio que essas ideias são realidade, corroborando, vivenciando e partilhando assim a “loucura” primária do indutor.
Crónicas da Mente Esquecida, por João Castanheira
in Albergari Jornal de a, 15/05/2007
in Albergari Jornal de a, 15/05/2007
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