O pintor e escultor Fernando Botero nasceu na cidade de Medellín na Colômbia em 19 de Abril de 1932. Há quem não goste de suas pinturas e esculturas, outros tantos que vejam em sua obra uma apologia à obesidade. Mas a obra de Botero é uma releitura instigante dos ideais de beleza do Renascimento. Mais que isso, elas são uma prova de que o conceito de beleza é variável ao longo do tempo. Por isso é importante ressaltar a decisão de submeter-se a uma intervenção cirúrgica como uma opção pela saúde e não simplesmente pela beleza estética. Na obesidade existem aspectos culturais, aspectos constitucionais familiares, como, por exemplo, o grupo musical brasileiro “Fat Family”, onde todos são obesos e utilizam-se da obesidade para tentar um caminho para a fama; e aspectos psíquicos, como a forma de enxergar e aceitar o próprio corpo e todas as suas implicações. Bion (1967) diz que o pensamento, originalmente tem relação com o corpo, mais especificamente com as funções corporais (sistema respiratório, digestivo, excretório), onde haverá assimilação, discriminação, metabolismo (catabolismo e anabolismo). O bebe nasce e tem uma primeira experiência, uma realização, uma concepção com algo bom ou ruim e desta concepção os pensamentos podem se desenvolver. Os aspectos culturais nos mostram que atualmente a obesidade atinge cerca de 40% da população brasileira (70 milhões de pessoas) e já virou epidemia mundial, muitas vezes começa na infância, por causa de maus hábitos alimentares da família; estudos mostraram que 80% das crianças de pais obesos tornam-se obesas. Esse número baixa para 40% quando apenas um deles é obeso e para 7% quando nenhum dos dois apresenta obesidade; a chance de uma criança obesa se tornar um adulto obeso é de 40%. Esse número pula para 75% no caso dos adolescentes, por isso o melhor é prevenir desde cedo. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), em apenas duas décadas o número de crianças e adolescentes brasileiros com excesso de peso aumentou nada menos que 240%! Hoje, eles somam 15% da população infanto-juvenil. Muitos casos de obesidade aparecem acompanhados por psicopatologias como, por exemplo, a depressão, funcionando como uma forma de preenchimento de um vazio do nada, quanto mais a pessoa comer mais tentará preencher este vazio, ou mesmo pela necessidade inconsciente de ser notado, chamar a atenção dos outros pelo seu tamanho. Para Donald Winnicott (1979), a obesidade pode ser usada como camadas, como capas defensivas em relação ao mundo externo, as camadas de adipócitos, ou seja, a gordura em excesso pode ser correlata de um falso self corporal, ou seja, uma proteção para o verdadeiro self, isso geralmente acontece com o chamado “efeito sanfona”; geralmente a pessoa engorda e emagrece com facilidade, quando a pessoa obesa emagrece, ela tem medo de não ter mais a proteção da gordura (das capas defensivas contra o mundo externo) e volta a engordar novamente. Isso se constata em pesquisas onde 64% dos casos de cirurgia bariátrica, os pacientes retornam ao peso anterior ao da cirurgia. A gordura em excesso também pode funcionar como uma afirmação viril, tanto no homem como na mulher funciona como uma proteção inconsciente para a genitália, tentando evitar o contato sexual por timidez ou mesmo por aspectos religiosos ou por conseqüência de uma criação muito rígida. Pode se tratar de uma proteção contra a sexualidade ou algo que incomode e esteja inconsciente, e a terapia psicanalítica ajuda a pessoa entrar em contato com este medo de não estar protegido, de desamparo e talvez solidão, como se estar obeso fosse uma forma de se tirar de circulação, se trancar em si mesmo, nas suas dores. Miriela De Nadai |
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terça-feira, 29 de março de 2011
Obesidade
Fernando Botero :
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