A fibromialgia é mais freqüente no sexo feminino, sendo 73 e 88% dos casos
descritos nesse sexo. Em média, a idade do seu início varia entre 29 e 37 anos,
sendo a idade de seu diagnóstico, entre 34 e 57 anos (Wolfe, 1990). Segundo o
estudo multicêntrico realizado pelo autor, a média de idade por ocasião do
diagnóstico foi de 49 anos, sendo 89% mulheres e 93% caucasianos.
As manifestações da fibromialgia tendem a ter início insidioso na vida adulta,
no entanto, 25% dos casos referem apresentar os sintomas dolorosos desde a
infância (Wolfe, 1986).
A origem da fibromialgia está relacionada à interação de fatores genéticos,
neuroendócrinos, psicológicos e distúrbios do sono (Moldofsky, 1989). As
alterações nos mecanismos de percepção de dor atuam como fator que predispõe
o indivíduo à fibromialgia, frente a processos dolorosos, a esforços repetitivos,
à artrite crônica, a situações estressantes como cirurgias ou traumas, processos
infecciosos, condições psicológicas e até retirada de medicações, como
corticosteróides (Yunus, 1994).
Tem-se observado que os indivíduos com fibromialgia, além de apresentarem
os característicos pontos dolorosos, apresentam também aumento da sensação
dolorosa em pontos ditos controle (Quimby, 1988).
A deficiência de serotonina, em particular, está implicada nas síndromes
dolorosas periféricas e centrais, levando a hiperalgesia. Além disto, a serotonina
e outras aminas biogênicas alteram a função dos macrófagos, ativam as células
citotóxicas e atuam em musculatura lisa, inclusive a dos vasos, mecanismo que
pode participar dos fenômenos vasoativos e da síndrome do cólon irritável
presentes na fibromialgia (Bennet, 1993). A liberação de substância P, por sua vez,
é influenciada pela serotonina e a sua deficiência, quer no sistema nervoso
periférico, quer no central, acarreta alterações na percepção de estímulos
sensitivos normais (Russel, 1989). Nas situações em que ocorre depleção de
serotonina, observa-se a diminuição do sono não
dolorosas, psicossomáticas e depressivas.
A principal queixa dos pacientes com fibromialgia é a dor difusa e crônica,
muitas vezes difícil de ser localizada ou caracterizada com precisão (Goldenberg,
1987). Os distúrbios do sono e a fadiga são relatados por 75% dos casos (Wolfe,
1990), fadiga esta que tem início logo ao despertar e duração maior do que uma
hora, reaparecendo no meio da tarde. Os pacientes referem, ainda, rigidez matinal
e sensação de sono não restaurador, apesar de terem dormido de 8 a 10 horas.
O sono é superficial, tendo os pacientes facilidade de acordar frente a qualquer
estímulo, além de apresentar um despertar precoce (Moldofsky, 1989).
Apesar de poder apresentar-se de forma extremamente dolorosa e
incapacitante, a fibromialgia não ocasiona comprometimento articular inflamatório
ou restritivo (Wolfe & Cathey, 1983). A presença dos pontos dolorosos é o achado