Filme
A Era do Gelo – O Esquilo e a Noz!
Hilário e expressivo, o Esquilo da
Pixar que faz parte do elenco do filme A Era do Gelo, em especial no último; me
fez pensar na dialética do desejo, associando o personagem em sua eterna busca
pela noz, que por vezes teve por muito perto, porem as voltas da frustração de
perdê-la. Tão perto e tão longe!
A voracidade para obter o objeto do
desejo é explicita ao longo do filme. Juntamente com a fêmea da mesma espécie,
a dualidade é predominante, a ambivalência entre o amar o oposto e ter o
suposto objeto da fome e desejo de ambos. O que escolher afinal? A comida para
o corpo ou a preservação da espécie? O desejo de completude, a sensação de ter
nas mãos a satisfação completa!
Na concepção dinâmica Freudiana isso
é um dos pólos do conflito defensivo, o desejo inconsciente tende a realizar-se
restabelecendo, segundo as leis do processo primário os sinais ligados as
primeiras vivencias de satisfação. A psicanálise mostrou, no modelo do sonho,
como o desejo se encontra nos sintomas sob a forma de compromisso.
O esquilo grita, esperneia, percebe
que perdeu algo que tinha uma representação forte, como um seio bom, postulado
por Melanie Klein. Metaforicamente a noz possui o formato arredondado de um
seio simbólico, acolhedor, uma fonte de prazer, algo que nos remete a pensar na
libidinização materna. Aos prantos, ele percebe que não terá mais o objeto de
desejo e conseqüentemente vivencia os limites da realidade. Assim, podemos
dizer: principio de prazer x principio de realidade.
Ambos buscam satisfazer a imago
experenciada ou alucinada, uma busca frenética e compulsiva. Uma das partes
supostamente parece ganhar, a fêmea, ao passo que o macho da espécie de volta A
Era do Gelo, e observa ao longe seu troféu nas mãos da amada! Que conflito!
Em 1884, Freud recorre a um verso de
Friedrich Shiller para ilustrar a teoria das pulsões: “A fome representa as
pulsões do ego.” Ou seja, servem de sobrevivência ao individuo, ao passo que o
amor, evidentemente, era um nome polido para as pulsões sexuais que servem a
sobrevivência da espécie.
Miriela
De Nadai
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