Sigmund Freud

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A Era do Gelo!


Filme A Era do Gelo – O Esquilo e a Noz!

            Hilário e expressivo, o Esquilo da Pixar que faz parte do elenco do filme A Era do Gelo, em especial no último; me fez pensar na dialética do desejo, associando o personagem em sua eterna busca pela noz, que por vezes teve por muito perto, porem as voltas da frustração de perdê-la. Tão perto e tão longe!
            A voracidade para obter o objeto do desejo é explicita ao longo do filme. Juntamente com a fêmea da mesma espécie, a dualidade é predominante, a ambivalência entre o amar o oposto e ter o suposto objeto da fome e desejo de ambos. O que escolher afinal? A comida para o corpo ou a preservação da espécie? O desejo de completude, a sensação de ter nas mãos a satisfação completa!
            Na concepção dinâmica Freudiana isso é um dos pólos do conflito defensivo, o desejo inconsciente tende a realizar-se restabelecendo, segundo as leis do processo primário os sinais ligados as primeiras vivencias de satisfação. A psicanálise mostrou, no modelo do sonho, como o desejo se encontra nos sintomas sob a forma de compromisso.
            O esquilo grita, esperneia, percebe que perdeu algo que tinha uma representação forte, como um seio bom, postulado por Melanie Klein. Metaforicamente a noz possui o formato arredondado de um seio simbólico, acolhedor, uma fonte de prazer, algo que nos remete a pensar na libidinização materna. Aos prantos, ele percebe que não terá mais o objeto de desejo e conseqüentemente vivencia os limites da realidade. Assim, podemos dizer: principio de prazer x principio de realidade.
            Ambos buscam satisfazer a imago experenciada ou alucinada, uma busca frenética e compulsiva. Uma das partes supostamente parece ganhar, a fêmea, ao passo que o macho da espécie de volta A Era do Gelo, e observa ao longe seu troféu nas mãos da amada! Que conflito!
            Em 1884, Freud recorre a um verso de Friedrich Shiller para ilustrar a teoria das pulsões: “A fome representa as pulsões do ego.” Ou seja, servem de sobrevivência ao individuo, ao passo que o amor, evidentemente, era um nome polido para as pulsões sexuais que servem a sobrevivência da espécie.

Miriela De Nadai